Valdineia Bakairi Pereira, de 19 anos, do povo Kurâ-Bakairi, foi eleita Miss Beleza de Paranatinga, a 411 km de Cuiabá, neste ano e considera a conquista uma grande vitória pessoal e para seu povo. Porém, ressalta que precisou enfrentar muitos desafios: entre eles, o preconceito.
A miss lembra que teve que lidar com olhares maldosos e muitos comentários negativos, que questionavam até a sua presença no concurso. Em 2022, ela também foi eleita a Rainha do Rodeio em Paranatinga e foi aí que começou o interesse em participar de concursos.
“Uma coisa que espero é que acabe o preconceito. Porque, querendo ou não, ele existe, não adianta maquiar essa realidade. É uma triste realidade, tive olhares maldosos, ameaças. Inclusive, de pessoas que não me apoiavam e falavam: ‘o que uma indígena está fazendo aqui? O lugar dela é lá na aldeia, junto com os bichos, dentro do mato’”, recorda a jovem.
Ouvir tudo isso não foi fácil, mas Valdineia enfatiza que o apoio do seu povo, familiares e amigos foi importante para superar os desafios. “Está sendo muito difícil, não é fácil. Mas, tenho fé em Deus que com o apoio de todos, acredito que vou longe”, declarou.
No último domingo (16) iniciou a etapa estadual do concurso “Beleza do Brasil” 2023 para decidir quem representará o estado no evento nacional. Valdineia Bakairi está entre as candidatas e vai desfilar no dia 7 de maio, no Teatro do Cerrado Zulmira Canavarros, a partir das 18h.
Participam da competição mulheres com idade de 18 até 34 anos, podendo serem casadas, mães e sem restrições também para as que tem o corpo tatuado – o que em concursos habituais, algumas dessas características não são aceitas.
“Vou concorrer ao Miss Beleza Mato Grosso e estou muito feliz por estar levando o nome do meu povo Bakairi, mas de outras etnias também. Eu vejo que estou quebrando muitas barreiras e espero que outras jovens indígenas também participem no futuro”.
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